Ainda que pouca gente conheça a doença, cerca de 15 a 20% da população sofre de bexiga hiperativa. Este transtorno é provocado pela diminuição da capacidade da bexiga para armazenar a urina. Entre os problemas que
podem desencadear a hiperatividade do detrusor estão: - Neurológicos -
lesões da medula, hérnias discais, AVC, Parkinson, Alzheimer e
outras demências; - Sistémicos - DM,
insuficiência cardíaca; -Associação a
fármacos - bloqueadores ou agonistas alfa-adrenérgicos,
antidepressivos, antipsicóticos, agonistas beta-adrenérgicos,
bloqueadores dos canais de cálcio, diuréticos e sedativos; - Infeção urinária,
HBP e cálculos vesicais. Ao diagnóstico poderão
ajudar, além do histórico clínico, análise à urina para
descartar infeção, e, em casos mais complexos, um exame que avalia
o armazenamento e eliminação da urina. Em termos de tratamento,
a farmacoterapia associada à terapia comportamental (perder peso e
deixar de fumar) é eficaz na maioria dos casos, restando a cirurgia
para os mais difíceis de controlar. Elimine da dieta
alimentos que possam estimular o detrusor: cafeína, álcool,
picantes, nozes, chocolate, alimentos ricos em potássio - um a um,
poderá verificar se a sua retirada melhora ou é indiferente. Ainda
que a tendência seja essa, deve evitar-se ao máximo reduzir a
ingestão de água, porque a urina concentrada pode ser mais um fator
de irritação da bexiga. Os especialistas
aconselham os exercícios vesicais pois, se corretamente executados,
revelam-se eficazes em 75% dos casos. Por exemplo, urinar a cada 30
ou 60min e, à medida que se vai sentindo confortável com esse
intervalo de tempo, aumentá-lo 30min, até atingir períodos de 3-4h
sem urinar. Note-se que pode levar meses para o conseguir. A fisioterapia deve ser
um dos primeiros tratamentos considerados em casos de bexiga
hiperativa, ou seja, a terapia muscular do pavimento pélvico
(músculos assinalados pelas setas) – conhecida
por reabilitação uroginecológica. Concretamente, a terapia
muscular pélvica vai restabelecer a capacidade de contração dos
músculos do pavimento pélvico que inibe a micção. Assim, a pessoa
consegue suprimir e adiar essas vontades de urinar muito frequentes,
reeducando a sua bexiga para um horário miccional normal. Existem ainda soluções
de fitoterapia para o alívio dos sintomas da bexiga hiperativa?
Segundo o Centro de Controlo e Prevenção da Doença (CDC), cerca de
75% dos portadores de bexiga hiperativa já recorreram à
fitoterapia, pelo menos uma vez, ou porque experimentaram efeitos
negativos, ou ineficácia do tratamento instituído com outros
farmacos. Cavalinha
(Arkocápsulas® Cavalinha) – rica em antioxidantes protectores
contra o stress oxidativo associado ao envelhecimento; com o tempo,
o tecido da bexiga pode tornar-se fibroso, processo que pode ser
retardado ou revertido pela cavalinha; Barbas de milho
(Moreno® Mistura) – contendo vitaminas e antioxidantes, têm sido
usadas no tratamento de infecções do trato urinário e, mais
recentemente, da bexiga hiperactiva; Serenoa Repens
(Prostamol®, Mixurium®) – usada para o aumento do volume da
próstata; alguns estudos sugerem que os seus compostos têm alguma
ação ao nível das fibras nervosas que controlam o trato urinário,
sendo eficazes no alívio dos sintomas da bexiga hiperactiva; Óleo de Pevides
de Abóbora (Arkocápsulas®) – os químicos presentes nas
sementes de abóbora têm um efeito diurético, aliviando o
desconforto ao nível da bexiga e os sintomas da HBP, como
dificuldade em urinar. Pode ser associado à Serenoa Repens. Na Farmácia Fátima
Marques podemos ajudá-lo numa opção informada por um destes
produtos: aconselhamos ainda a partilhar com o seu médico assistente
a sua decisão! Os fármacos que relaxam
o detrusor ou previnem a contração da bexiga são úteis nos casos
de bexiga hiperativa e na incontinência urinária de urgência
associada, quando as estratégias de autocontrolo, a fisioterapia e a
fitoterapia não resultam. A acetilcolina é um químico libertado
pelos nervos que comunicam com a bexiga e atua sobre os receptores
muscarínicos para desencadear uma contração do músculo detrusor,
provocando a micção. Se o seu principal
sintoma é urinar muitas vezes durante a noite, a desmopressina pode
ser uma boa opção: reduz a produção de urina. É importante
lembrar que, por vezes, a medicação pode demorar algumas semanas a
atingir o efeito desejado, ainda que algumas pessoas verifiquem
melhorias no espaço de uma semana. Se também os medicamentos
não melhoraram os seus sintomas, existe uma segunda linha de
tratamento. - Injeção de toxina
botulínica (conhecida pela marca Botox®) na bexiga – reduz a
atividade das fibras nervosas que causam os sintomas, tendo uma
duração de 4 a 9 meses; note que em menos de 10% dos indivíduos
tratados pode surgir dificuldade em urinar, podendo necessitar de
uma sonda. A cirurgia vesical é a
última opção de tratamento, funcionando como ilustrado na figura:
o aumento da capacidade da bexiga diminui a sua pressão interna no
enchimento, permitindo que retenha mais urina. Continua
curioso(a)?
Caracteriza-se pelos seguintes sintomas: urgência em urinar, acompanhada ou não de incontinência; maior frequência de micções ao longo do dia; necessidade de levantar para urinar várias vezes durante a noite.
Para entender a doença, precisamos primeiro compreender o processo de enchimento e esvaziamento da bexiga. A bexiga é um órgão oco revestido por uma camada muscular - o detrusor, enervado e controlado por fibras nervosas da medula. Este relaxa, para alojar a urina, quando a bexiga enche e contrai para a expulsar quando está cheia.
Uma bexiga pode acomodar 500 a 600mL de urina normalmente; quando está quase cheia, o aumento de pressão na bexiga origina o envio de sinais ao sistema nervoso, para que este o reconheça e desencadeie a vontade de urinar. Mesmo que tenhamos vontade de urinar, conseguimos aguentar, graças à nossa capacidade de contrair os músculos do pavimento pélvico e esfíncter externo. Quando pensamos em urinar, os músculos do pavimento e esfíncter relaxam e o detrusor contrai.
Ora, a bexiga hiperativa surge quando o detrusor não relaxa adequadamente durante a fase de enchimento, fazendo com que a pressão na bexiga aumente muitas mais vezes, e, consequentemente, a necessidade de urinar. Pode também acontecer que o detrusor contraia involuntariamente, expulsando a urina que esteja na bexiga e originando a necessidade repentina e urgente de urinar.
Quadros de depressão,
DPOC, obesidade, prisão de ventre, acamados, histerectomia, idade
avançada, estão associados a um maior risco de hiperatividade do
detrusor.
Também os músculos do
pavimento pélvico podem ficar debilitados após um parto, por
exemplo.
É eficaz em casos de má
performance do pavimento pélvico, sem que as suas estruturas estejam
afetadas (musculares, miofasciais, ligamentares e neurais). O que é
que pode ser trabalhado? Fraqueza muscular, contratura, encurtamento
muscular ou aderências, presentes frequentemente no pós-parto
quando há cicatriz. Também associadas à gravidez e ao parto, pode
haver alteração no tempo de resposta da contração muscular e da
resistência muscular.
Associado a alterações hormonais (como a
menopausa) ou devido à radiação (radioterapia), pode haver grandes
alterações de elasticidade do pavimento pélvico. As técnicas
utilizadas podem ir desde as manuais à reeducação postural e
diafragmática e exercícios de alongamento e fortalecimento
muscular. Quando necessário, pode ser utilizada a electroestimulação
(através de uma sonda vaginal), que ajuda o doente no treino dos
seus músculos do períneo e do esfíncter, resultando num reforço
dos mecanismos de encerramento da bexiga, revelando-se eficaz tanto
em casos de incontinência de esforço, como de imperiosidade.
É
essencial que o treino do pavimento pélvico seja integrado nas
atividades diárias; por exemplo, os exercícios de Kegel, quando
realizados 30 a 80 vezes por dia, pelo menos durante 8 semanas, são
eficazes em 55 a 75% dos casos. A electroestimulação permite uma
evolução mais rápida.
Ainda que haja muito pouca investigação científica nesta
matéria, há algumas soluções naturais que são usadas para
tratar a bexiga hiperativa há séculos:
Os fármacos antimuscarínicos em
utilização são a darifenacina, a hioscamina, a oxibutinina, a
solifenacina, a tolterodina e o cloreto de tróspio. Os seus efeitos
secundários limitam a adesão do doente a longo prazo. Aos
indivíduos que sofrem efeitos secundários dos antimuscarínicos –
boca seca, refluxo, obstipação – recomenda-se o mirabegron, com
uma ação similar.
Estimulação
nervosa – nervo tibial (comunica com os nervos sacrais) ou sacral
– impulsos elétricos que estimulam as fibras nervosas que
controlam a bexiga. A estimulação do nervo tibial é feita por
sessões de 30min, por exemplo, uma vez por semana em ciclos de 12
sessões. A estimulação sacral é feita mediante um gerador de
impulsos implantado cirurgicamente na pelvis, controlado pelo
indivíduo através de um dispositivo, que permite reduzir a
hiperatividade da bexiga.
Recomendamos que visite nabexigamandoeu.pt, um
sítio interativo onde pode navegar aprendendo mais sobre a Bexiga
Hiperativa! |
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