Farmácia Fátima Marques

Em 2016, o rastreio nacional de cancro de pele detetou 100 casos suspeitos, entre 1700 pessoas que participaram. Destes, mais de 80 casos foram de carcinoma basocelular e 14 de melanoma.

Nos últimos 6 anos foi possível rastrear um total de 10 000 indivíduos, com identificação de 6% de casos de queratose actínica, condição precursora do carcinoma de pele espinocelular, um total de 350 carcinomas de pele não melanoma, e mais de 100 de melanoma! Ora, sabemos que 15 a 20% destes melanomas vai ser fatal.. Tomemos consciência: 1 em cada 4 ou 5 de nós virá a sofrer de algum tipo de cancro de pele!

Os casos de cancro de pele têm vindo a aumentar, nomeadamente entre os jovens adolescentes. Estima-se ainda que surjam este ano mais 12 000 novos casos de cancro de pele, 1000 dos quais de melanoma. Por que é que cada vez surgem mais casos de cancro de pele?

As causas são diversas e, como é do senso comum, a população portuguesa é das que que, se não tem mais conhecimentos, tem pelo menos comportamentos ao sol mais adequados. São os fatores genéticos, ou seja, fototipos de risco; é a multiplicidade de atividades ao ar livre, quer a nível profissional, quer recreativo; é a exposição crescente a radiação solar nociva, devido à rarefação da camada do ozono; é o excesso de exposição ao sol por parte dos adolescentes; são os horários de risco para os “banhos de sol”..

Além de tudo isto, a pele memoriza as agressões a que esteve sujeita ao longo da vida de um indivíduo, podendo surgir como consequência lesões de cancro de pele, ou de risco de cancro de pele, 5, 10, ou até mesmo 20 anos depois.

Está alerta para o cancro de pele não melanoma? Aqui já não estamos a falar de um sinal existente que sofreu modificações ou que surgiu de novo.. Falamos dos tipos basocelular e espinocelular, que podem indiciar-se por uma ferida que não cicatriza, normalmente, nas zonas cronicamente expostas ao sol - rosto (nariz, fronte), orelhas, couro cabeludo, pescoço (...). É, na realidade um tipo de cancro extremamente frequente, com cerca de 50% dos casos ao nível do rosto e pescoço.

A prevenção tem de ser primária e secundária; tem de chegar às crianças e adolescentes, aos trabalhadores com exposição solar de risco. Medidas tão simples como evitar expor-se entre as 11h e as 17h, as chamadas horas perigosas; usar roupas escuras e largas, de materiais naturais como o algodão; levar óculos de sol e chapéu de aba larga - protegidos, mas com estilo! Na praia, no campo ou na cidade: usar sempre protetor solar! As taxas de sensibilização têm aumentado, e, consequentemente, o comportamento está a melhorar, ainda que esta mudança tenha sido demasiado tardia.

Na sua farmácia, ajudamos a dar o “pontapé de saída”: participe no rastreio gratuito de melanoma (semana) e aprenda como fazer o autoexame, com análise dos sinais ao nível do corpo todo, com uma periodicidade recomendável de 1 a 2 meses. Melhor, aprenda a fazer o registo fotográfico, e o mapa corporal dos sinais, e ajude o seu médico assistente a detetar casos suspeitos precocemente! Saiba ainda qual o seu fototipo, e tome consciência dos índices UV aos quais está sujeito diariamente, assim como do fator de proteção solar que deve escolher e usar religiosamente!

Contamos consigo!