Farmácia Fátima Marques

"Hepatite" significa inflamação do fígado.

O fígado é um órgão vital que processa os nutrientes, filtra o sangue, e combate as infeções. Quando o fígado é danificado ou inflama, a sua função pode ser afetada.

A hepatite é mais frequentemente causada por um vírus. Há cinco estirpes de hepatite viral (tipos A - E), mas os tipos B e C contribuem para a maior percentagem da doença na Região Europeia da OMS, e, portanto, são o principal foco de esforço. O consumo excessivo de álcool, toxinas, alguns medicamentos, e certas condições médicas também podem causar hepatite.

As infeções pelo vírus da hepatite B e C cursam com sintomas que podem variar de leves a graves até 6 meses de evolução, e podem originar doenças crónicas, quando a eliminação da carga viral não se completa, associadas a insuficiência hepática, cirrose e tumores.

Enquanto que, no caso dos adultos, a infeção pelo vírus B é autolimitante na grande maior parte dos indivíduos, a maioria dos indivíduos infetados pelo vírus C não o conseguem eliminar naturalmente e desenvolvem doença crónica.

Ambas podem ser adquiridas via sexual e sanguínea (ex.: partilha seringas) e durante o nascimento, se a mãe estiver infetada. O vírus não é transmitido através da amamentação, partilha de utensílios de cozinha, abraços, beijos, apertos de mão, tossir ou espirrar.

Ao contrário de algumas formas de hepatite, a hepatite B e C também não é transmitida pela ingestão de alimentos ou água contaminados. A infeção pode ser assintomática ou caracterizada pelos seguintes sintomas: febre, sensação de cansaço, perda de apetite, dor de estômago, vómitos, urina escura, fezes de cor cinza, dor nas articulações, pele e olhos amarelos. Os cuidados a ter no caso de infeção aguda são repouso, alimentação adequada, fluidos e monitorização rigorosa, eventualmente hospitalização.

Há opções terapêuticas disponíveis para prevenir ou retardar os efeitos da insuficiência hepática. A melhor maneira de prevenir a Hepatite B é a vacinação: normalmente uma série de 3 doses ao longo de um período de 6 meses, para imunização a longo prazo. Estão disponíveis as vacinas Twinrix® (Hepatite A e B) e Engerix B®. A vacinação massiva das crianças ao nascimento levou ao declínio dramático de novos casos de hepatite B em muitas partes do mundo.

A população prioritária são os familiares de indivíduos infetados, os viajantes para países endémicos, e profissionais de risco. É de ponderar também a vacinação de homens homossexuais, consumidores de drogas injetáveis, e diabéticos, por ex.. Os tratamentos atuais podem eliminar o vírus da hepatite C. Atualmente não há vacina para prevenir a hepatite C, mas a probabilidade de ser infetado diminui se evitar os fatores de risco.

E quanto à Hepatite A? A hepatite A é uma infeção do fígado altamente contagiosa, podendo manifestar-se sob a forma de uma doença leve que dura algumas semanas a uma doença grave por vários meses. Quem está em risco? Indivíduos que viajem ou residam em países endémicos, que mantenham relações sexuais com indivíduos infetados, casos de distúrbios dos fatores de coagulação, tais como hemofilia, e familiares ou cuidadores de portadores do vírus.

A transmissão dá-se normalmente quando uma pessoa ingere alimentos ou bebidas contaminados, principalmente devido à lavagem incorreta das mãos ou na sequência de uma relação sexual com um indivíduo infetado.

A sintomatologia é semelhante à das hepatites B e C, contudo, um indivíduo pode ser disseminador do vírus, mesmo que não aparente estar doente: muitas crianças e alguns adultos não têm sintomas. A maioria dos doentes recupera completamente e não apresenta danos permanentes no fígado. Os casos de insuficiência hepática e morte são raros e mais frequentes em pessoas com mais de 50 e com outras patologias hepáticas.

Como forma de prevenção, os especialistas recomendam a vacina para todas as crianças (1 ano de idade) e grupos de risco. A vacina também é recomendada a viajantes para países endémicos, mesmo que por períodos curtos ou em resorts fechados. A vacina contra a hepatite A é segura e eficaz, consistindo em duas doses com 6 meses de intervalo.

Se julga ser possível estar infetado, solicite ao seu médico o teste de diagnóstico. Não perca tempo: pode salvar-lhe a vida!